quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Professores e manicômios

Minha preocupação com educação é simplesmente um reflexo de interesse pois quero tornar meus estudos mais agradáveis. Esta semana, por exemplo, estava propondo uma reforma curricular pro curso, mas isso é relativamente difícil numa faculdade feudal.
Fico feliz quando vejo que os professores falam bobagens: Um otário de direitos das obrigações falou "tive um caso com um juiz que mora lá no meu prédio". Sim, ele falou isso! O outro disse que "gostava de combinar 'atentado violento ao pudor' com 'estupro'". Um professor infiel e homossexual, um outro maníaco sexual. Todos sem vergonha de afirmar para seus alunos seus desvios comportamentais.

Minha relação com professores sempre tem grandes efeitos na minha vida, e muitos eu tive certo carinho. Falar deles aqui seria interessante. Poderei pôr nomes? acho que sim.

Começo com uma professora que me causou um trauma, uma dor na infância imensa: Tia Betânia. Estava eu ajudando na decoração de uma festa de aniversário na sala de aula, e, vendo o quadro negro com coisas escritas, apaguei. Foi então que eu sugeri a professora: "Tia, por que você não escreve 'feliz natal'?". Sim, eu disse "feliz natal" quando queria dizer "feliz aniversário". O que a professora fez pra mim? Uma careta. Aliás, como era horrível aquela escola: esperando pelos pais, eramos postos dentro da quadra e ninguém podia sair dali. Ficar ali dentro, sem nada pra se entreter era obrigatório - uma gaiola, em outros termos.
Escola é sempre um ambiente muito coercitivo. Me deixa danado pensar como era tudo numa base de disciplina coercitiva - algo estilo "conventos, manicômios", instituições totais foulcautianas.

Marília: Professora de matemática meio linha dura. Mas ensinava tão bem que me deixava feliz. Eu era apaixonado por ela, hehhe... e os peitos dela eram assuntos da garotada, juntamente com os quadris de Giovanna, que eram imensos. 5ª c. Lembro mais ou menos a nossa chamada: Alexandre, Allison, Arthur Groner, Arthur Magnus, André, Ary, Bruna (somente a partir do 2º semestre), Caio e assim sucessivamente. Depois começaram a identificar-nos pelo número. Eu fui da minha 5ª a 8ª série o n°1 da turma.

José Cícero (JC): O mau hálito dele era bem identificável. Geografia era uma matéria que eu gostava muito, mas aquilo era uma conversa de bar, e o cara era extremamente vazio de assunto. Na 8ª série eu queria cortar a cabeça dele, tanto é que reclamei junto a coordenadoria . Na avaliação do fim de semestre, escrevi muito mal sobre ele. Soube que no semestre seguinte ele foi posto pra dar aula ao supletivo.

Marcelo: Professor de química por um bimestre, que ensinou-me muito rapidamente química. Não tinha, à época, maturidade pra ser aluno dele. Ele era expoente de uma ideologia boba, comum a muitas escolas: Aprovação na Universidade pública é o que interessa. E aí ele criava mitos e encenações sobre uma pessoa com diploma de federal. Me vem a cabeça ele falando de como é uma entrevista de emprego e o tratamento ao egresso da UFRN.

Na universidade, a professora que eu mais gostei na minha vida é uma que tá me dando aula atualmente. Chama-se Carla Costa Teixeira. Saio ao final da aula com o coração cheio de possibilidades, com mil idéias na cabeça, com esperança de que o ensino possa ser bom. Ela quem me disse que norma e fato não existem fora da minha "teia de significações".

E a súmula 7 do STJ perde sua utilidade.

Um comentário:

Isabela Bentes disse...

ler esse seu pos me é como reviver a quinta, a oitava série e o primeiro ano. =D. mas concordo plenamente com tudo que vc disse no que diz respeito aos nossos professores. Marcelo, hoje, tá bem mudado. entrou no corpo de bombeiro e faz serias críticas a essa "instituição total" foucaultiana.
Hoje, na universidade tenho professores a quem dedicaria muito do meu aprendizado. meus professores de politica ( Gabriel, Homero e Spinelli), aos de sociologia (Alipio, Willington, Alex) e ao de antropologia (Edmundo). E como sei do que você t´´a falando.
uma dica pra "conventos, manicômios" é ler "Manicomios, prisões e conventos" do Erving Goffman.(acredito q ja deve ter lido) =)
bjos!
ps: que saudade de ler seus textos assim! e os meus sempre serão as metralhadoras...rsrsrs
ps2: coloque ai também os nossos jornais que foram proibidos pelo colegio!