domingo, 28 de dezembro de 2008

    Obama, meu bem, pode vir que we can.
we can feliz da vida, aliás.
hohoho

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Resposta ao Tempo

(...)
Recordo um amor que perdi
ele ri
diz que somos iguais
se eu notei
pois não sabe ficar
e eu também não sei

E gira em volta de mim
sussurra que apaga os caminhos
que amores terminam no escuro
sozinhos

Respondo que ele aprisiona
eu liberto
que ele adormece as paixões
eu desperto

E o tempo se rói
com inveja de mim
me vigia querendo aprender
como eu morro de amor
pra tentar reviver 


* Aldir Blanc/Cristovão Bastos

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Por que falar de organização social se eles querem falar de bruxaria?

Estou em Natal, Rio Grande do Norte.

Um parecer musical do parquet ministerial do Caetano Veloso:

Nada dessa cica de palavra triste em mim na boca
Travo, trava mãe e papai, alma buena, dicha louca
Neca desse sono de nunca jamais nem never more
Sim, dizer que sim pra Cilu, pra Dedé, pra Dadi e Dó
Crista do desejo o destino deslinda-se em beleza:
Outras palavras

Tudo seu azul, tudo céu, tudo azul e furta-cor
Tudo meu amor, tudo mel, tudo amor e ouro e sol
Na televisão, na palavra, no átimo, no chão
Quero essa mulher solamente pra mim, mais, muito mais
Rima, pra que faz tanto, mas tudo dor, amor e gozo:
Outras palavras

Nem vem que não tem, vem que tem coração, tamanho trem
Como na palavra, palavra, a palavra estou em mim
E fora de mim
quando você parece que não dá
Você diz que diz em silêncio o que eu não desejo ouvir
Tem me feito muito infeliz mas agora minha filha:
Outras palavras

Quase João, Gil, Ben, muito bem mas barroco como eu
Cérebro, máquina, palavras, sentidos, corações
Hiperestesia, Buarque, voilá, tu sais de cor
Tinjo-me romântico mas sou vadio computador
Só que sofri tanto que grita porém daqui pra a frente:
Outras palavras

Parafins, gatins, alphaluz, sexonhei da guerrapaz
Ouraxé, palávoras, driz, okê, cris, espacial
Projeitinho, imanso, ciumortevida, vivavid
Lambetelho, frúturo, orgasmaravalha-me Logun
Homenina nel paraís de felicidadania:
Outras palavras

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

eu tô lendo um livro que me deixa tão doida...que às vezes eu paro um pouco pra fingir que morro. 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

E dói...

Não, não conheço nada que doa mais que essa coisa de desamar.
É, P, é morte em vida.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Vodu



Estava em casa num sábado depois do último dia de aula, vendo minha mãe costurando.

1. Lembrei da primeira vez que eu costurei alguma coisa. Eu tinha uns cinco anos e vesti uma camisa sem botão. Minha mãe pediu pro meu pai costurar o botão comigo, e ele me explicou que deveria pôr a linha de determinada cor pra combinar com o resto dos botões, como colocar a linha na agulha e como se deve amarrar o botão. Costura está para a feminilidade assim como mecânica está para a masculinidade. Estranhei meu pai me ensinando a costurar a minha camisa.

2. Fiz um vodu (foto). Peguei cinco tiras de pano branco, enrolei-os e amarrei com a costura. Formaram-se os braços, as pernas e o tronco. Vi uma pluma amarela e descobri quem seria meu vodu: Maria Luísa, minha irmã loira. Após isso, mainha pegou uns restos de tecido e costurou a roupa. O cinto branco é em homenagem a Amy Winehouse. Os olhos verdes e a boca vermelha fui eu quem costurei, assim como a cabeleira.

3. Lembrei das minhas primeiras reflexões sobre magia com James Frazier, e a lei da semelhança e a lei do contágio. Eu tava querendo fazer humor lá em casa, e comecei a torturar a boneca com uma das mãos, enquanto simulava tapas em Maria Luísa. Bons momentos de diversão.

Foi divertido.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Querido Papai Noel

Querido Papai Noel,

eu acredito em você. Acho que sim.
Escrever para você, no entanto, foi uma atividade que realizei nos últimos 10 anos (nós ultimos 4 anos consecutivos), pois entendia que era o melhor momento para se pedir "coisas que eu sempre tive vontade de ganhar". E eu sempre escrevia.
Mas a prática de escrever cartas me deixou um tanto frustrado. Às vezes pedia coisas que vocês (porque papai noel é entidade formada por duas pessoas, ou seja, papai e mamãe) não queriam dar, ou coisas que eram caras por demais. Lembro que, na minha quinta série,fiz questão de não ganhar um jogo. Recebi uma jogo de simulação de uma bolsa de valores. Meu pai é jogador assíduo.
Lembro-me que pedi um celular, mas me deram um usado (e muito quebrado) do meu tio.
Lembro-me, também, que pedi um livro chamado "Tudo que é sólido se desmancha no ar", do Marshall Berman, mas eu recebi "por que Nietzche chorou", que eu nem li porque não gosto de romancezinhos best-sellers dos 10 mais vendidos da veja (eu gosto, no entanto, de Harry Potter).
Sim, há um certo rancor nessas minhas palavras de descrença nas minhas cartas de papai noel, que nem sempre foram tão pretensiosas em questões financeiras.
Podem até reclamar dizendo que presente é presente, ou seja, você não tem que escolher. Eu concordo plenamente e por isso que esse ano ficarei caladinho - não vou escrever o que eu quero porque, se não for correspondido, menos decepção eu terei. Mas a tentação é forte e digo que quero um carrinho de controle remoto sem fio e um video-game... ah, demorou demais - Já ocupo um espaço no tempo que me impede de receber tais presentes.

Aliás, não sei se me sinto com tanta vontade de ganhar presentes. Eu gostaria de que não fosse um momento pra se ter um "sonho de consumo". Se o valor econômico na minha vida não fosse tão estruturante, e acho que pensar tem feito uma alegoria que me faz menos preocupado com isso (apesar de minhas principais brigas decorrerem de questões de bens financeiros), eu simplesmente não veria você, papai noel, como um ente da minha mitologia. Não porei a culpa na coca-cola, nem no McDonalds, nem em "esqueceram de mim" ou "meu papai é noel". Só que para te negar, nesse ano, eu te afirmarei.

Abraços,
Alexandre Fernandes, um garoto que não se comportou bem.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

AHHH é férias!

E eu volto a batalha final.

Este foi o primeiro semestre que eu não "estava doido que as aulas começassem". As férias do meio do ano foi tida como um momento de felicidade. Mainha me perguntou uma coisa e eu disse que "estava fazendo matéria para a minha melancolia futura".
Meu semestre, em alguns aspectos, foram essa felicidade de "matéria pra melancolia". Eu não vou chegar a felicidade plena, afinal, eu tô envolvido em sistemas que não me põe em locais que eu queria estar... e isso é normal. Isso é coisa de quem não bate bem da cuca.

Mas louca é quem me diz
e não é feliz
eu sou feliz!

PS: vou começar a tirar fotos. Imagens de Brasília e de mim são formas de transmitir mensagens de maneira maravilhosa. =D

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

02/12/2008: aniversário da C.

Aí ontem foi o aniversário da Ca, amiga querida dos tempos doces de fim de colégio. O combinado com todo mundo era o almoço, mas minha precariedade de deslocamento me fez armar um plano B só com ela: no fim da tarde, tomar água de côco na beira da praia e conversar sobre os sonhos que andávamos colando na realidade. Nos atrasamos e o côco só pôde acontecer quando a inspiração e a fome já pediam jantar. Passamos em frente daquele bar que a gente nunca tinha dinheiro pra entrar. Custava R$20,00. Então eu coloquei a mão no bolso, tentei lembrar de quanto eu tinha na carteira e segui em frente, sabendo que, sei lá como, mas nesses 4 anos nós duas tínhamos mudado em tudo, da conta-corrente às rugas no rosto. Entramos e gastamos, cada uma, 5 vezes o couvert. Pareceu uma vingança dos dias sem grana mas, ainda assim, cheios de uma alegria sem igual, regados à fanta-uva e alegrias ingênuas de quem faz promessas vâs, mas sinceras, com o futuro, este mesmo que chegou desavisado. Mais do mesmo, só o carinho tão grande nutrido mais fortemente pelas tormentas que sempre e sempre, até agora, nos trazem de volta. 

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Manuelle Xandeca Brasília



Antes de postar sobre isso, queria dizer que me dei bem na prova de direito penal 1 =) Maior nota da sala em consórcio com um amigo meu. Mas adivinha qual foi a maior nota? 7,0... hehehehe. Tô feliz, sentindo-me o ó do borogodó, afinal, o professor disse que eu não precisava fazer a segunda prova.

Dessa minha alegria, fui ao cinema assistir ao filme do Woody Allen, o neurótico de Annie Hall que toca saxofone nas terças feiras e faz roteiros com palavras sinfõnicas, fazendo com que os diálogos sejam prazerosos por demais. Muito feliz tal filme.

O filme se chama Cristina Vicky Barcelona (o título do tópico é em referência). Cristina e Vicky (Manuelle é mais vicky do que cristina) são duas garotas que, segundo o narrador, tem visões de mundo muito parecidas, apenas diferenciando-se na questão do amor. Mas o final do filme mostra que as duas são mais parecidas do que o narrador afirma no começo.
e Manuelle é Vicky e Cristina. Só falta achar o amante latino dela para perceber-se como tal. Enquanto isso não acontece, o pai dela vai pedir a mãe pra trazer a estopa para enxugar as lágrimas dos corações partidos.

Acho que o filme se remete tanto a obra de Almodóvar que lembrei de você, quando assistimos Penelope Cruz (que faz o filme também) sendo assombrada pelo fantasma da mãe em Volver.

Fica a indicação do filme, que nem é, de longe, o melhor filme do Woody Allen, mas nem por isso deixa de ser bom.

domingo, 30 de novembro de 2008

Aprendendo palavras

Sou um eterno aprendiz, e toda a filosofia grega tá para confirmar esse meu pensamento. eu odeio remissões aos gregos e romanos, mas nesse ponto até que ele tem razões. talvez valha a pena citá-los. Eu digo que eles são mitos - são válidos pra fazer pensar.
Estava lembrando como eu ainda tenho um vocabulário pequeno. Existem palavras que tem um sentido contrário do que eu imaginava que era. "Reacionário", nos meados de 2006, para mim, significava alguém que tinha idéias não usuais, revolucionárias. Da mesma maneira aconteceu com a palavra "defeso": Eu pensava que seria algo defensável, permitido.

Me ferrei em duas provas exatamente por usar essas palavras no sentido contrário. Sobre atos processuais, escrevi que era "defeso" a utilização deles mesmo que se mude o juiz no curso do processo. Numa prova de ciências políticas, disse que Marx era "reacionário". Se eu soubesse o sentido convencionado, JAMAIS falaria tantas merdas em prova.
Bem feito para mim. A linguagem é linguagem porque é consensualizada. E eu sou o louco da metalinguística.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Eu adoro crimes sexuais


Confesso que faço o curso de direito muito por gostar da idéia de ser penalista. Me delicio quando passa, nas noites de sexta-feira na discovery, programas sobre investigação policial, seriais killers e prisões. Um dos seriados que eu mais gosto é Prison Break.

Mas às vezes acho que é um ambiente muito pesado para se viver. Não sei se terei estômago de julgar latrocidas que metem machadadas na cabeça de alguém, ou se é possível aguentar observar estupradores sacanas.

Hoje eu tenho uma prova de Direito penal 1, ou crimes em espécie, que estuda os crimes mais criminalizados. Sim, roubar, matar, furtar, se apropriar, estelionatar, estuprar, lesar corporalmente, abortar. Penso que existem crimes que poderiam ser também tutelados de maneira mais fodástica como esses, só que o colarinho branco jamais será algemado, né? Essa relação de causalidade, em que os danos de corrupção são causadores de morte de milhares de brasileiros, não é percebida pór esse corpo jurídico que temos. Direito penal, no fim das contas, é pra tutelar interesses bem próprios de uma classe. E aí eu não quero anistiar os que roubam e matam e estupram, afinal, mas que a tutela penal seja muito mais eficaz, que o crime de corrupção, peculato, fraude e etc. sejam vistos como "crimes contra a vida" também.

Por fim, um exercício de direito penal: Como eu tipificaria Josef Fritzl, o cara que colocou a filha por 24 anos dentro do porão, tendo 7 filhos e fazendo sexo com ela por muito tempo?


Primeiro temos de pensar numa lógica penalista: O crime tem de ser típico (há necessidade de que haja uma descrição genérica em lei) e antijurídico (contrário a idéia de vida). A culpabilidade será analisada posteriormente.

Tutelam-se dois bens jurídicos aí. A liberdade da filha (crime contra a liberdade pessoal) e a integridade sexual dela (crime contra costume). Outros sujeitos passivos (as pessoas que sofreram do crime) são os sete netos. Acho que todos sofreram as privações da filha, além dele estuprar a mais velha.

O dispositivo que enquadra ele é o 148, §2º do código Penal: "Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado" "se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico e moral". Pena base de dois a oito anos. A pena, obviamente, chegaria ao máximo, analisando o que o art. 59 dispõe como circunstâncias judiciais: A personalidade (sociopata), a culpabilidade (consciência da ilicitude, reprovabilidade de sua conduta), os antecedentes (ele não tinha reputação ilibada), os motivos (fins libidinosos), às circunstâncias (no lar familiar) e consequências (uma vida de merda para a menina por 24 anos).
A pena ainda pode ser agravada pelo fato dele ter cometido o crime contra descendente, contra crianças e contra pessoa que estava sobre sua tutela. Atenua-se, no entanto, pelo cara ser maior de 70 anos quando a sentença for declarada, por ter confessado a autoria do crime. Não há causas de diminuição (o crime se consumou) e aumento.

Além disso, pela reiterada vezes que ele cometeu estupro na garota, ele responde por crime de estupro (coito vaginal) e atentado violento ao pudor (outros coitos possíveis). Somando-se todos os atos (a mulher viveu 24 anos com ele, ou seja, o bicho transou mais do que um coelho com ela), ele veria a próxima glaciação dentro de uma prisão. Não quero cominar uma pena aqui porque o post já tá ficando grande demais. Haveria concurso de crimes, ou seja, as penas seriam somadas.Mas como dispõe o art. 75 do Código penal, "o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a trinta anos".
Assim, Josef só passaria 30 anos na prisão.
No entanto, a análise de culpabilidade dele diria que o "cara era louco", ou seja, ele teria uma medida de segurança, vulgo prisão em manicômio. Não haveria um sentimento de "punição", apenas ele seria retirado do convívio social por ser um perigo a nossa sociedade.


Meu revanchismo, apesar de toda essa minha idéia de que direitos humanos é a melhor coisa do mundo, diria que ele deveria perder as unhas com um alicate de cortar arame.

domingo, 23 de novembro de 2008

Uma rivalidade entre católicos e protestantes



Eu fui criado num seio católico. Meus avós participam dos rituais da igreja, meus pais também vestegiam uma prática de "católico não praticante". Fui batizado, confessei e ainda tive a reafirmação de cristo ao fazer a 1ª eucarístia, pois aos 9 anos a criança "começa a pecar", ou seja, Deus já pode imputar a ela seus castigos (um paralelo com a maioridade penal, creio). Mas eu nem curto muito me chamar de católico não praticante, pois eu sou católico fraquinho. Seria talvez mais um burguês positivista, ou mesmo um relativista descrente na positividade. Parece que ser católico é acreditar veemente nas séries de suposições próprias daquela religião, ou participar dos ritos.
Posso ter negado aquela estrutura rígida que se tem da religião como "crente de todos os dogmas", mas eu ainda tõ sistematicamente entretido com aquelas perspectivas. E não acho isso nem ruim, afinal, é o que eu sou e é nisso que sou/serei feliz (auto-estima).
Ao meu preconceito para com os não católicos, quero falar dos protestantes. São os evangélicos, os anglicanos, os assembleianos. Esses são coisas que aprendi durante toda uma vida - minha mãe não curte a idéia de que seus filhos tenham companheiros protestantes, meus primos também não gostavam que eu brincasse com os "nativos" de Cajueiro-RN, porque eles serem, em sua maioria, crentes.

Eu reproduzo isso, e às vezes me sufoca a idéia de ir a uma igreja protestante. Não que eu seja preconceituoso, mas é que a minha crença simplesmente não permite ver naqueles espaços um ambiente que eu me sinta "bem". Mas os respeito, acredito, e, sinal de que isso não é uma barreira hierárquica na minha vida, a categoria "crente" não me distancia de quem eu me apaixono (só se quiserem "me converter" :P).

Vejo argumentos de ambos os lados, entre católicos e protestantes, que tentam valorar um mais que o outro. Os protestantes argumentam que a reza, prática católica, é tida como "sem sentido ético"; o que vale é "orar a Deus". Os católicos chamam as igrejas protestantes de caça-níqueis, querendo ludibriar os seus fíeis para enriquecer seus bolsos. Bobagem de ambas as partes - Talvez a experiência de uma reza possa significar a um católico uma experiência emocionante, representativa e reflexiva para com a ética. Ou não. Da mesma maneira, os pastores de igrejas protestantes não se sintam caça-níqueis. Ou sim.

E aí me deixa bastante triste é a manipulação de fatos para justificar discursos de ódio: "Saíam da igreja católica porque a experiência não tem contato com Deus e os padres são todos pedófilos", ou "Os pastores querem apenas roubar seu dinheiro, eles são alienadores!". Se você for pesquisar no google, especificando nas páginas brasileiras, sobre "Jim Jones", o pastor que organizou o maior suicídio coletivo da história moderna, você lerá um discurso bem manipulável por parte da igreja católica sobre as igrejas protestantes: http://www.universocatolico.com.br/content/view/672/3/

Enfim, o que fazer nesse conflito do tipo Vasco e Flamengo, ou brasileiros e argentinos? Eu sinceramente creio que é bom não falar da religião dos outros, ou nem tentar se comparar. Ficar caladinho e sem contato parece-me o mais correto, apesar dessa ética de "não me toque" me parecer bem fraca.

Me deixa triste quando ambas as partes me chamam de "coitado", "burro", "infeliz" por não ir à igreja, apesar de ser católico e por, apesar de ser um católico, não acreditar que Jesus Cristo é um homem santo.

***

Minha dissertação de mestrado: Direito Romano: Uma sociocosmologia para pensar o direito. (com óbvias influências levistraussianas como teoria)
Minha tese de doutorado: "Não misturemos argumentos racionais com religião" - Constituição e crença.

Locus etnográfico? Tribunais, faculdades de direito, leitura de manuais jurídicos. Só me falta deixar de ser nativo.

***

PS: Peço licença aos católicos e cristãos para utilizar a imagem de Cristo aqui. Ele também faz parte da minha vida.

Diga não à pedofilia (adorei a foto hehee)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Retórica jurídica

a FD é linda
A faculdade de direito da Universidade de Brasília é o lócus de análise que farei aqui. Tenho a dizer que estou num curso de direito baseado por métodos de ensino antiquados, burros e ineficientes.

Quais são os métodos de ensino? 1. Aulas expositivas. Sente-se a frente do professor, escute o que ele tem a dizer e preste atenção. Livros? Ah, manuais são imprescindíveis, mas o que cai na prova é "o que eu dou em sala de aula". E textos doutrinários extras, estudos de casos sobre a questão e qualquer articulação mais concreta sobre a parada são inéditos. O que eu quero dizer é que transmissão de conhecimento na graduação de direito se faz por coisas ditas, por oralidades do professor. Leituras e exercícios de pensamento são coisas a parte, suplementares ao seu estudo principal, que é o da sala de aula.
Agora, se você é capaz de se conduzir por 1h40 diante do que o professor diz para você, fazer anotações e outras coisas mais, você será um ótimo aluno.

Eu odeio a retórica jurídica em sala de aula, me angustia ver que meus próximos semestres serão dessa maneira, em ensino bancário.

Eu odeio a retórica jurídica de teorias gerais, em que estudos de crimes, contratos, peças processuais são estudadas tão distanciadas do caso concreto. São coisas que um jovem de 19 anos como eu não é capaz de sentir, afinal, qual é a experiência das questões jurídicas que tem eu, com pouco mais de um ano de capacidade jurídica? Falta muita inserção ao mundo jurídico, ainda mais quando eu nunca realizei um seguro, nem nunca reclamei um direito meu junto aos tribunais.

Eu acho que, antes de estudarem sobre a influência marxista no direito atual, sobre os direitos fundamentais, sobre direito achado na rua, sobre qualquer coisa, os professores devem parar um momento e fazer uma reflexão sobre ensino universitário. Isso sim é o que mais se precisa nessa faculdade de merda.


Pronto, falei.

Alexandre


PS.: e vocês que escutam toda essa conversa do nosso atual reitor, José Geraldo, que faz da faculdade de direito um exemplo do "ato administrativo" democrático, trata-se de uma manutenção da história para reafirmar posições de qualidade inexistentes. A faculdade de direito é um espaço extremamente contido, pois o professor advogado que brigar com juiz se ferra no tribunal e perde seus honorários advocatícios. Ali é o espaço mais difícil de se comunicar, e existe relações de "suzanarania" e vassalagem. Reclamar de professores, de um currículo amontoado, é remexer nesse feudo, e ninguém quer dar a cara a tapa. Eu nunca entrarei no mestrado da UnB em direito porque eu já estou queimado por lá (heheheheh), mas eu ao menos falo o que penso.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Olha que lindo, minha gente


Dias de óculos de sol...

JGui foi embora da adolescência ontem. Assim, quase sem aviso, ele resolveu virar menino grande lá pras bandas do Planalto Central. Sem colinho de mamãe, sem afago de papai, sem mimo de maninhas, sem gracinha da gatinha, sem papo com os colegas da faculdade, sem mim ele vai achar a vida em algum lugar entre a bagunça daquela cabeça (deliciosamente imperfeita) e os prédios da administração pública em Brasília.

Sabe... não é fácil deixar alguém que vc ama (e ama tanto quanto eu amo o JGui) vagar por aí como se ele fosse dele e apenas isso. JGui é parte de mim: cada um daqueles sorrisos e cerradinhas de olhos, aquele queixo em desenvolvimento, o cabelo cacheado e as escolhas tão complicadas que o dia depois do outro exige (como se fosse normal viver calmamente dentro do turbilhão próprio desse verbo. E nós, eu e ele somos clinicamente loucos, pra felicidade do lirismo que não nos cabe). JGui é alguém que Manuelle.

Mas tá certo, o avião subiu. Ele está levando blusas bem quentinhas e multidões de possibilidades. De lambuja, os 24, quase 25 anos, amores sempre no gerúndio, alegrias incontidas, vastos oceanos de dores e uma biblioteca que salva qualquer um do inferno. E a mim, já que me encontro patologicamente unida.

Prometi contato sempre, não falei nada sobre a dor dessa ausência que está sendo, da dificuldade de formar uma casca no machucado que hoje grita o sangue nebuloso da dor, essa de deixar-se no outro que insiste em seguir sem as mãos dadas. 

Mas há de fato o tombo, o rombo que espera o estrondo da volta, por dentro...

...pq a alma do JGui, minha gente, compactua com a minha. Ele é co-autor dos meus delitos e dos meus feitos heróico. O JGui, o JGui sabe das coisas em mim.

Vai, curumim severino, vai ser vento no mundo.

domingo, 16 de novembro de 2008

ritos de passagem



Solteiro para casado e surge o rito de casamento. Estava assistindo a "O Casamento do meu melhor amigo". O que me parte o coração é perceber que as partes daquele par diante do altar estão mudando, ou "que eles serão um só", e, portanto, seu amigo nunca mais será o mesmo.
Acho que dá um misto de ciúmes e felicidade, sim. Mas a gente deixa "o melhor amigo casar com a melhor mulher".

O que me deixa apático num casamento é ver a grande preocupação por alimentação, por vestidos, por bons djs. Por que dizem que o casamento foi sem graça? Porque Esquecem-se que é momento pra emoção e o que o que nos toca são os centros de poder simbólico, as declarações públicas de afeto. O abraço emocionado da noiva nos irmãos, choros de emoção, palavras improvisadas.
Mutatis mutandis, em relação aos ritos de passagem, meu tio cantando a música de Roberto Carlos "como é grande o meu amor por você" para a minha prima na festa de 15 anos, sendo incapaz de terminar o refrão. Minha avó Paé falando, no enterro de minha bisavó, que sentia-se bastante triste em perceber que não abraçara a mãe dela o suficiente, porque vovó Guilhermina tinha medo que os tumores na pele passassem para seus filhos.

O Trajano pode até dizer que estamos cada vez mais racionais e os ritos estão vestigiais, mas eu não vejo (percebo) assim, e nem me sinto menos membro de uma sociedade complexa por isso.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Professores e manicômios

Minha preocupação com educação é simplesmente um reflexo de interesse pois quero tornar meus estudos mais agradáveis. Esta semana, por exemplo, estava propondo uma reforma curricular pro curso, mas isso é relativamente difícil numa faculdade feudal.
Fico feliz quando vejo que os professores falam bobagens: Um otário de direitos das obrigações falou "tive um caso com um juiz que mora lá no meu prédio". Sim, ele falou isso! O outro disse que "gostava de combinar 'atentado violento ao pudor' com 'estupro'". Um professor infiel e homossexual, um outro maníaco sexual. Todos sem vergonha de afirmar para seus alunos seus desvios comportamentais.

Minha relação com professores sempre tem grandes efeitos na minha vida, e muitos eu tive certo carinho. Falar deles aqui seria interessante. Poderei pôr nomes? acho que sim.

Começo com uma professora que me causou um trauma, uma dor na infância imensa: Tia Betânia. Estava eu ajudando na decoração de uma festa de aniversário na sala de aula, e, vendo o quadro negro com coisas escritas, apaguei. Foi então que eu sugeri a professora: "Tia, por que você não escreve 'feliz natal'?". Sim, eu disse "feliz natal" quando queria dizer "feliz aniversário". O que a professora fez pra mim? Uma careta. Aliás, como era horrível aquela escola: esperando pelos pais, eramos postos dentro da quadra e ninguém podia sair dali. Ficar ali dentro, sem nada pra se entreter era obrigatório - uma gaiola, em outros termos.
Escola é sempre um ambiente muito coercitivo. Me deixa danado pensar como era tudo numa base de disciplina coercitiva - algo estilo "conventos, manicômios", instituições totais foulcautianas.

Marília: Professora de matemática meio linha dura. Mas ensinava tão bem que me deixava feliz. Eu era apaixonado por ela, hehhe... e os peitos dela eram assuntos da garotada, juntamente com os quadris de Giovanna, que eram imensos. 5ª c. Lembro mais ou menos a nossa chamada: Alexandre, Allison, Arthur Groner, Arthur Magnus, André, Ary, Bruna (somente a partir do 2º semestre), Caio e assim sucessivamente. Depois começaram a identificar-nos pelo número. Eu fui da minha 5ª a 8ª série o n°1 da turma.

José Cícero (JC): O mau hálito dele era bem identificável. Geografia era uma matéria que eu gostava muito, mas aquilo era uma conversa de bar, e o cara era extremamente vazio de assunto. Na 8ª série eu queria cortar a cabeça dele, tanto é que reclamei junto a coordenadoria . Na avaliação do fim de semestre, escrevi muito mal sobre ele. Soube que no semestre seguinte ele foi posto pra dar aula ao supletivo.

Marcelo: Professor de química por um bimestre, que ensinou-me muito rapidamente química. Não tinha, à época, maturidade pra ser aluno dele. Ele era expoente de uma ideologia boba, comum a muitas escolas: Aprovação na Universidade pública é o que interessa. E aí ele criava mitos e encenações sobre uma pessoa com diploma de federal. Me vem a cabeça ele falando de como é uma entrevista de emprego e o tratamento ao egresso da UFRN.

Na universidade, a professora que eu mais gostei na minha vida é uma que tá me dando aula atualmente. Chama-se Carla Costa Teixeira. Saio ao final da aula com o coração cheio de possibilidades, com mil idéias na cabeça, com esperança de que o ensino possa ser bom. Ela quem me disse que norma e fato não existem fora da minha "teia de significações".

E a súmula 7 do STJ perde sua utilidade.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Um pós agressivo

Brasília é uma cidade com fotografia mais escura do que Natal. Luminosidade baixa, sensação de que temos menos energia e, portanto, parece que as coisas são tranquilas. Natal é energética, suável, quente. É hermosa, é humorosa.
Eu mudei a Brasília e manipulei minha aparência. A essência não é essência, a essência é aparência. Eu mudei a Brasília e, portanto, manipulei minha essência.
Hoje, um pouco menos capaz de fazer humor, apesar de ainda fazê-lo. Existencialismo sobrepejou, já que 15 anos é momento de conflitar com gerações, de gritar berros com mamãe. E parece que essa fase existencialista e retraída continua.
Mas eu vou ser hermoso, natalense e quente. vocês vão vê! Não, não.. humor é difícil de fazer quando você preluda que a pessoa irá achar engraçado. Humor é imprevisível.
Assim, tudo o que eu escrever neste momento apenas será uma exposição de ridículos sucessivos que só iriam constranger os leitores. Quando eu chegar no trabalho, vou escrever um conto (seja de humor ou não).

Saudades do elefante fanho!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Um homem, uma mulher




Receber um telegrama com "eu te amo" e, por isso, dirigir 700 milhas para dar um retorno a tão bela declaração. Mas melhor ainda: correr na beira da praia, ao fim da tarde, em direção a mulher xonável para amá-la graciosamente. E a música? ahh.. a música é tocante, é clássica.

Mas falar de emoções passadas por uma cena de um filme só indicaria o que me agrada. E seria de maneira direta, ou seja, não tem nada de interessante em afirmar isto.
Vou pensar em algo melhor pra escrever. Aqui, no entanto, somente uma indicação de filme.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

As outras coisas...

Sim, meu caro. Seremos iguais com a inerência poética da alteridade que nos é peculiar. 

Com o penar de ter por ora uma conexão à internet precaríssima, travo a liberdade de meus dedos verborrágicos para dar-lhes toda vazão mais tarde. 



domingo, 2 de novembro de 2008

O Sol esfriou.


O frevo me contagia. Se ele me contagia, o frevo é doença?


Salete, a empregada da minha casa, estava falando sobre como a temperatura de Brasília tem sido irregular no mês de outubro de 2008. Ela afirmou: “Realmente, sexta-feira estava muito quente, mas hoje o Sol esfriou”. Eu fiquei pensando sobre essa afirmação e que, caso eu não tivesse num contexto cultural dela, pegando uma “tradução ao pé da letra”, aquela frase indicaria que Salete era “irracional”. Ora, desde quando sexta-feira, uma dimensão cronológica, poderia ser classificada como “quente”? E será que, ao Salete afirmar que o “Sol esfriou”, ela acredita que as variações de temperatura dessa Brasília se deve ao Sol ter diminuído a sua irradiação de calor?
No entanto, não creio que Salete acredite que a nossa dimensão temporal seja classificável como frio ou quente, nem que o Sol, o astro, esfriou. Acho que ela simplesmente quis afirmar que “na sexta feira, a sensação térmica estava mais quente”, que “a sensação térmica tem relação com o Sol” e que “a sensação térmica de hoje está mais fria [o Sol esfriou]”.
Esta pequena história doméstica serve aqui como uma ilustração de uma dificuldade que temos em relação às sociedades diferentes, sociedades as quais não temos identidade. Quando escutamos alguns mitos indígenas, quando nos dimensionamos perante diversas expressões simbólicas que se mostram de difícil compreensão, emitimos um parecer de que “não há racionalidade nessas sociedades”. Surgem idéias de que as sociedades tradicionais são “bárbaros”, “selvagens” – são expressões de histeria.
Eu poderia pegar um exemplo ilustrativo de alguma etnografia indígena, maximizando minha análise, mas estou com falta de livros aqui perto. (uma questão importante de se pensar: serão sociedades sujeitos?) Acredito que Salete não é louca. Observar o familiar apenas me deixou um pouco mais bárbaro.

sábado, 1 de novembro de 2008

Gêneses


Manuelle classificou as conversas que eu tenho com ela em duas: as comuns e as sobre essas coisas. E, ao classificar, Manuzão diz que as conversas "sobre essas coisas" está com uma frequência alta e que isso não é saudável.

Conversar sobre coisas comuns é, assim, mais decente. A frequência incomum é patológica, não me faz bem. E, por meu blog apresentar frequência incomum "sobre essas coisas", ela disse que não tinha interesse em participar dele.


Na verdade eu não concordo que o interesse dela não participar do meu blog (incoersencia) seja por "poluição" do seu conteúdo. Aquilo lá tá em ordem. Eu penso que tal discurso, que não deixa de ser verdadeiro, esconde muitas verdades ocultas: Ser posterior aos meus posts significaria que eu englobo a participação da manu, e, portanto, eu sou hierarquicamente superior. Eu me comparo e hierarquizo, e isso bate de frente com nosso valor-idéia ocidental: a igualdade.


Eu gosto de negar a hierarquia, afinal, que coisa mais feia é afirmar que Eva vem da costela de Adão! Aqui, Manu, seremos mais iguais, apesar de diferentes. E talvez você seja mais feliz participando desse blog, os "devassos e os vareides" (uma piada interna). Isso sim tem nossa identidade; o que não aconteceria com a incoersência, que é algo bem característico de mim.


Mas eu quero ser igual a você, Manuzão. Teremos status iguais. A igualdade é algo que eu gosto de sentir, apesar de eu ser, para você, a costela de Paula.


Saudades.


PS: O "Homo Hierachirus" esconde argumentos bem mais sofisticados, mas não acho que devo escrever por aqui.