terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Querido Papai Noel

Querido Papai Noel,

eu acredito em você. Acho que sim.
Escrever para você, no entanto, foi uma atividade que realizei nos últimos 10 anos (nós ultimos 4 anos consecutivos), pois entendia que era o melhor momento para se pedir "coisas que eu sempre tive vontade de ganhar". E eu sempre escrevia.
Mas a prática de escrever cartas me deixou um tanto frustrado. Às vezes pedia coisas que vocês (porque papai noel é entidade formada por duas pessoas, ou seja, papai e mamãe) não queriam dar, ou coisas que eram caras por demais. Lembro que, na minha quinta série,fiz questão de não ganhar um jogo. Recebi uma jogo de simulação de uma bolsa de valores. Meu pai é jogador assíduo.
Lembro-me que pedi um celular, mas me deram um usado (e muito quebrado) do meu tio.
Lembro-me, também, que pedi um livro chamado "Tudo que é sólido se desmancha no ar", do Marshall Berman, mas eu recebi "por que Nietzche chorou", que eu nem li porque não gosto de romancezinhos best-sellers dos 10 mais vendidos da veja (eu gosto, no entanto, de Harry Potter).
Sim, há um certo rancor nessas minhas palavras de descrença nas minhas cartas de papai noel, que nem sempre foram tão pretensiosas em questões financeiras.
Podem até reclamar dizendo que presente é presente, ou seja, você não tem que escolher. Eu concordo plenamente e por isso que esse ano ficarei caladinho - não vou escrever o que eu quero porque, se não for correspondido, menos decepção eu terei. Mas a tentação é forte e digo que quero um carrinho de controle remoto sem fio e um video-game... ah, demorou demais - Já ocupo um espaço no tempo que me impede de receber tais presentes.

Aliás, não sei se me sinto com tanta vontade de ganhar presentes. Eu gostaria de que não fosse um momento pra se ter um "sonho de consumo". Se o valor econômico na minha vida não fosse tão estruturante, e acho que pensar tem feito uma alegoria que me faz menos preocupado com isso (apesar de minhas principais brigas decorrerem de questões de bens financeiros), eu simplesmente não veria você, papai noel, como um ente da minha mitologia. Não porei a culpa na coca-cola, nem no McDonalds, nem em "esqueceram de mim" ou "meu papai é noel". Só que para te negar, nesse ano, eu te afirmarei.

Abraços,
Alexandre Fernandes, um garoto que não se comportou bem.

Um comentário:

Isabela Bentes disse...

kkkkkkkkkkk..eu tenho "tudo q é solido se desmancha no ar".
no entanto...Papai noel, contradizendo tudo que existe, é a copia do Mrx neh: gordo, roupas vermelha e barbudo.
Mas, ao contrário do velhinho q eu prezo, n gosto muito do papai noel. Como diria Batata na viagem para ESEC " papai noel, filho da puta...."